Lamento de Raça
Téo José
Estou na Ilha de Parintins, bem no meio da Amazônia. Aqui, de hoje até domingo, acontece o maior festival folclórico dói Brasil na disputa dos bois Garantido e Caprichoso. Estarei na Band com a transmissão. Por isso, não vou falar de esporte. Aqui respiramos folclore, tradição, ritmo das toadas, cultura e muito, muito verde. Apesar da destruição continua de nossa floresta, temos boas notícias: ela vem diminuindo e o estado do Amazonas é o que menos destrói – apesar de ainda vermos muitas derrubadas e queimadas.
Quando estou aqui vejo o quanto o homem é bobinho. Não sabe cuidar de um lugar tão lindo, mágico e essencial como este. A ilha de Parintins fica bem no meio da Amazônia, cheguei pelo ar e voltarei no domingo pela manhã pela água. É sempre um momento que espero no ano e curto muito. Parece que me alimento de minhas raízes – apesar que estas vêm de um lugar distante, do Cerrado e do Rio Araguaia.
Como estou com a cabeça só na floresta, na água e na cultura deste povo, sempre de preservação, vou deixar aqui a letra da toada Lamento de Raça, de autoria do Emerson Maia. Para mim é uma das mais marcantes na história do Garantido e do próprio festival. Um verdadeiro hino para preservação deste lugar tão especial que sempre precisa de mais cuidado.
Lamento de Raça (Emerson Maia)
O índio chorou, o branco chorou
Todo mundo está chorando
A Amazônia está queimando
Ai, ai, que dor
Ai, ai, que horror
O meu pé de sapopema
Minha infância virou lenha
Ai, ai, que dor
Ai, ai, que horror
Lá se vai a saracura correndo dessa quentura
E não vai mais voltar
Lá se vai onça pintada fugindo dessa queimada
E não vai mais voltar
Lá se vai a macacada junto com a passarada
Para nunca mais, voltar
Para nunca mais, nunca mais voltar
Virou deserto o meu torrão
Meu rio secou, pra onde vou?
Eu vou convidar a minha tribo
Pra brincar no Garantido
Para o mundo declarar
Nada de queimada ou derrubada
A vida agora é respeitada todo mundo vai cantar
Vamos brincar de boi, tá Garantido
Matar a mata, não é permitido