20 anos sem o maior de todos
Téo José
Começo nossa conversa dizendo que não sou muito chegado em datas comemorativas de pessoas que se foram e é bastante complicado comparar presente com futuro. Como no próximo dia 1ª de maio teremos a marca no calendário para se lembrar de 20 anos sem Ayrton Senna e já vejo reportagens e artigos sobre este momento, resolvi abrir mão de alguns critérios e também escrever. Faço isto na segunda-feira, na abertura da semana, para depois apenas observar.
O automobilismo entrou em minha vida pelas preferências televisivas de meu pai, que gostava de Fórmula 1 e na chácara da família, pertinho de Goiânia, em Senador Canêdo, sempre via as provas no domingo pela manhã. Eu quase nunca era companhia, mas passava por aquela TV de tubo e via uns dez minutos, saia, brincava e voltava. Nesta época, o preferido era Emerson Fittipaldi. Um piloto que abriu para mim, mais claramente as portas da TV esportiva, mais tarde, com a Fórmula Indy.
Depois tivemos a fase do Nelson Piquet e no meio dos anos 80 apareceu o Ayrton Senna. Nesta época já trabalhava em rádio, muito na àrea de programador e locutor da parte musical. Pouca coisa com esporte. Senna foi quem me fez interessar mais pela Fórmula 1 e procurar me especializar no jornalismo esportivo, voltado para o automobilismo. Comecei a mergulhar pra valer na carreira, um investimento próprio em todos os sentidos. Sempre me virava para cobrir corridas fora de Goiânia e, com muitas dificuldades, até mesmo de credenciamento no GP do Brasil.
Vivenciei, como em todas as situações, atitudes bacanas dele e outras nem tanto. Só que a admiração ao piloto, nunca foi arranhada. Sempre gostei de gente com espirito total de vencedor. Em uma época que as assessorias de imprensa e os contratos eram mais soltos, Senna também se comportava como líder. Me passava a ideia de que o prazer e a vontade de ganhar eram o combustível para sua carreira. Não havia a palavra desistir, por pior que estivesse o carro naquele momento ou naquela pista.
Gente que nasceu para ganhar. Gente que construiu o caminho para vencer. Sim, teve época que pilotava o melhor carro e poderia até ter algumas vantagens internas. Só que não foi isto que marcou sua carreira mas, sim, a determinação, a busca do objetivo que era sempre um só.
Pelo talento, pela busca diária em ser o melhor e postura o considero o maior de todos. Se iria ser campeão de novo e hoje ter números melhores do que este ou aquele, não sei, e no fundo não me importa. O que vale é o que vi e senti. Como disse no começo: é muito difícil comparar presente com passado. É questão de opinião.