Felipão em vantagem
Téo José
Tudo indica que Luiz Felipe Scolari será novamente o treinador da Seleção Brasileira. Pelo que noto, a opinião pública vê com bons olhos a chegada de Guardiola, mas o espanhol está descartado pelo comando da CBF. Só tem um ponto que vejo como complicado o investimento no melhor treinador do futebol atual: pouco tempo para conhecer os jogadores.
Pep sabe bem daqueles que jogam nos grandes clubes. Mas nunca deve ter visto Cruzeiro, Botafogo, Fluminense, São Paulo, Flamengo e tantos outros atuais jogarem. Seria disparado o melhor nome se já estivesse por aqui. Chegando agora, o risco é enorme.
Mas os dirigentes não pensam assim. No fundo eles acham que tudo de melhor do futebol ainda está aqui. O que é um erro. Ficamos para trás. Não temos mais a essência. Os nossos “professores” acabaram com o nosso verdadeiro futebol. E gente como Guardiola o adaptou e se dá muito bem.
Sobre Felipão, vejo outro risco. Apesar de ter estado em três copas, duas com Portugal e uma com Brasil [tendo resultados muito bons, inclusive um titulo], o vejo desatualizado e a cada vez mais sem paciência. Com tudo e com todos. Não o vejo também com humildade para fazer uma reciclagem.
Por outro lado, tem liderança e independência. Estes os dois pontos, de qualidade, e importantes para a bagunça que existe na CBF com comando bem atrapalhado. Mas não basta.
Felipão vai precisar abrir seus horizontes, se modernizar e pode até ser que está modernização esteja no próprio passado do treinador. Ele foi ficando mais rodado, mais cansado, mais impaciente e perdeu muito do jogo de cintura – que já teve e hoje, mais do que nunca, é necessário no futebol.
Apesar de ser inexperiente em seleção e tendo pouco tempo para trabalhar, apostaria no Tite. Um treinador ainda em crescimento e cada vez mais com a cabeça aberta para o novo.
Como me parece carta fora do baralho, só resta dar boa sorte ao Felipão e esperar que os últimos insucessos possam ter mostrado a ele um novo caminho. Competência tem, ou teve, e nestes casos não dá para desaprender.