A suspensão e a competitividade
Téo José
Quando entrei na Fórmula Truck, e lá se vão 11 temporadas, em alguns anos sempre escutei que o maior fator para vencer era a potência do motor. Era neste ponto que as equipes e fábricas mais trabalhavam – fazendo mais do que dobrar a potência dos caminhões que circulam por nossas estradas. Naquela época, o Mercedes passava de mil cavalos, o que era uma coisa impressionante. Hoje já tem alguns modelos com cerca de 1200 HP. Com tanta cavalaria, o importante era a durabilidade. O trabalho sempre foi incansável em cima destes dois fatores: potência e durabilidade.
Com o passar do tempo e, talvez com os limites sendo alcançados, a suspensão passou a ter uma atenção especial e alguns pilotos passaram investir nesta parte do trucks. Principalmente Roberval Andrade e Felipe Giaffone. Os resultados começaram a aparecer. Em algumas pistas de alta velocidade, o Volkswagen [da RM Competições] aparecia na frente e nas outras, de baixa, o Scania de 12 litros, do Roberval, era o mais rápido. O que no passado não aconteceria.
Hoje quase todas as equipes estão desenvolvendo demais a suspensão e não só outras partes do caminhão não requeriam tanta atenção, porque o negócio era o motor. Ali estava o segredo do sucesso. Os caminhões Mercedes [talvez] foram os últimos que partiram com força para o trabalho de suspensão. Por isso passaram a ter um rendimento diferente em pistas que nem sempre se davam bem. Sentiram também uma concorrência diferente em pistas onde dominavam.
Na vitória de Leandro Totti, na última etapa disputada em Guaporé, o GP Crystal, ficou claro o bom acerto de chão. Em curvas de alta ou média velocidade, Totti colocava de lado em cima dos caminhões menores e elevava vantagem. Já tinha um bom motor, com durabilidade. E melhor chão deste ano. Totti já ganhou quatro de oito etapas, é o líder do brasileiro e favorito ao titulo. Além de já ter o titulo Sul-americano.
O que quero dizer é que cada vez mais a competitividade está presente na Truck. Tivemos no Sul, a classificação mais apertada desta temporada e não tem mais este papo de que 9 litros é favorito aqui e 12 litros alí. O que vale mesmo é trabalho, em cima de um regulamento perfeito, para equilibrar caminhões de '' litragem'', peso e marcas diferentes. Este é o caminho para um automobilismo atraente e competitivo.