Esporte brasileiro: muito para se fazer
Téo José
Não é de hoje que governos federal e estaduais dão pouca importância para o esporte. Enquanto redes de televisão no mundo todo lutam por direitos de transmissão de inúmeras competições, atletas estão cada vez mais valorizados, patrocinadores investindo mais a cada temporada e a velha receita que o esporte afasta garotos dos perigos da rua, só para citar alguns segmentos, muitas de nossas autoridades fecham os olhos e utilizam esta pasta para cabide de emprego ou coisa bem distante da moralidade e competência.
No Brasil devia haver uma preocupação ainda maior já que vivemos anos, que todos os países do mundo, com uma visão de crescimento e modernidade, gostariam de ter. Tivemos o Pan e, agora, vem Copa das Confederações, do Mundo e Olimpíadas.
A queda de Orlando Silva foi uma boa para o esporte em geral. Saiu sob suspeita. Mas saiu, também, com a certeza de que não fez um bom trabalho. Aliás, fez muito pouco pelo nosso esporte. F oi apenas um político. Hoje o que o ministério precisa é exatamente que um político fique longe. O negócio é para gestor. Gente que sabe das deficiências e como resolvê-las.
Cito apenas algumas ações simples e integradas que poderiam, em curto espaço, dar um resultado bem melhor. Nos EUA, seguidamente vencedor de Jogos Olímpicos, e mesmo com time C e D de Pan-Americanos, o esporte está integrado a escola. Os campeonatos colegiais e universitários têm repercussões gigantescas, geram gana pelos direitos de transmissão, movimentam a comunidade e motivam os estudantes.
São a base de mais de 60% dos atletas que têm sucesso. Por aqui são raridade as escolas públicas com quadras esportivas. Forma de deixar estes locais, cada vez mais perto de violência, com um espírito mais bacana e um clima diferente entre instituição, alunos, famílias e comunidade. Por que não um trabalho bem integrado com a pasta da educação?
Por aqui são raras, também, as praças na cidades que têm algum local para prática esportiva. Apenas pistas de cooper ou caminhadas e alguns aparelhos para abdominais ou flexões. A Argentina teve sua grande fase no tênis depois de um programa de quadras publicas. Nos EUA esbarramos bastante com locais, para prática do basquete, abertos para todos. Tem até campo de golfe. Por que não se fazer uma medida com as prefeituras dando facilidades para que as velhas praças e, principalmente, as novas tenham locais específicos para diversas modalidades?
Outras ações teriam de ser feitas nas confederações e federações, as quais todos sabem serem comandadas por um só grupo, em qualquer área e qualquer lugar, por oito, 10, 12, 14…20 anos ou mais. As leis atuais levam a isto. É uma caixa misteriosa e, às vezes, cheia de irregularidades que só o governo com um trabalho sério pode mudar. E precisa, de forma urgente. Se vamos bem em diversos setores do esporte, na parte de autoridades, em quase sua maioria, estamos no caminho inverso.
Nas construções: novas arenas, estádios, locais para qualquer modalidade é só criar leis e incentivos para abrir espaço na formação e inclusão social obrigando, de alguma forma, o direcionamento de locais e ações para jovens e a comunidade mais carente. Seja na prática esportiva e, também, na parte teórica. Formação de gente em vários níveis, não só de atletas, mas treinadores, marketing, árbitros e tudo que envolve as modalidades.
Veja que citei alguns aspectos mais amplos, sem falar de eventos maiores. O que mostra que não podemos entregar, mais uma vez, este ministério para pessoas que não tem ligação com o esporte e nos últimos tempos fizeram uso político e agradaram um universo bem pequeno. Estamos perdendo grandes oportunidades e mesmo passando horas pensando e escrevendo estas linhas, tenho quase que a certeza de que este caminho torto e triste vai continuar. Mudam os nomes, mas não o objetivo. Principalmente, não se muda a filosofia. Uma pena.