Blog do Téo José

Tchukie e eu

Téo José

Em maio de 2009 eu escrevi estas linhas. Hoje estou novamente publicando o mesmo texto em homenagem a este grande amigo que durante 12 anos conviveu ao meu lado da forma mais leal, alegre e pura comigo. Foi pouco tempo. Ontem ele se foi. Virou estrelinha.

27/05/2009

Já começo esta conversa avisando: não tem nada de velocidade e futebol. Nem uma palavra. Nos últimos dois dias estive fora. Neste momento, estou atravessando algum lugar em nosso continente. Foram horas que pude curtir intensamente. O objetivo era resolver coisas do passado. Talvez por um ponto final. Espero. Mas no fundo serviu para bem mais. Estive só boa parte do tempo e conversando com meu amigo Haroldo, uma das pessoas mais prestativas que conheço. Gente com G maiúsculo, algo muito bom que ficou da minha passagem pela Indy no SBT. Este quero (merece) e preciso conservar. Mesmo que seja para estar a cada ano ou seis meses.

Senti nestas divagações que resolvi algo que me prendia ao passado e nunca gostei de ter algum tipo de amarra com estas situações. Mas o que me levou a ter esta conversa, for ter acabado de assistir, na minha volta, pela segunda vez, o filme Marley e eu. E, como esperado, me emocionei novamente. Mais ou menos como que da primeira vez. Muito. Nestes últimos tempos, tenho tido a certeza ainda maior que o importante na vida é estar com quem você quer e gosta. Já estou com quase 46 e como dizem os Titãs: 'só quero saber do que pode dar certo'. É bem por ai. O certo é o prazer. E sempre será. Doação, felicidade e a ética e os bons princípios. A família é o mais importante. E ai além de minha mulher, filho, mãe, irmãos, sogro, cunhados, sobrinhos, coloco meus cães queridos e amigos.

Meu pai sempre dizia que gostava mais dos animais do que do 'bicho homem', porque eles não trairavam. Nos dias de hoje, no lado profissional, é especialmente isso que vemos em maior escala: a trairagem. Na minha, nem se fala. Você precisa, a cada dia, estar forte e ao mesmo tempo com o coração desarmado para sobreviver e superar da melhor forma possível. Que é não perder sua maneira de ser, aquela que você quer, se manter no caminho que acredita ser o certo e fazer dele exatamente isto.

Me alonguei muito para chegar no ponto que queria. Já tive muitos cachorros, aprendi bastante com eles. Dei muito sentimento e recebi bem mais. Hoje são quatro lá em casa. O mais velho é o Tchukie, com seus oito anos. Como o Marley, viveu em alguns lugares. Goiano, passou um tempo em Miami na época que trabalhava na PSN. Quando teve o estilo Marley. Comendo paredes, fios de TV, sofás… e até fronhas… quando numa noite, eu bem altinho e longe da mulher e filho, que estavam no Brasil, resolvi o levá-lo para dormir em nossa cama. O duro foi achar no outro dia uma fronha igual, para não deixar rastro. Tchukie sabe muito de mim, da vida, porque nos bons e maus momentos já escutou muita coisa. Tem, também, um lado interessante e na minha ótica bem positivo: adora uma cervejinha – tal como o seu dono.

Quando via o filme, colocava em várias situações também o Gothanks (mais um nome dado pelo meu criativo filho), este mais parecido pelas loucuras e tamanho. O Tchukie é um Dachshund e o Go um Golden Retriever. O último é uma das coisas mais carinhosas e leais que conheço. Para saber o quanto me curte é só ver manchas vermelhas e arranhões pelo meus braços. O cachorro é, sim, um grande amigo do homem. Para muitos, acredito, até o melhor. Como diz John Grogan (do filme): dê a ele atenção, carinho, que terá seu coração e amor. Dê carinho que terá sua vida e lealdade. Esta palavra derradeira: lealdade. O que o ser humano precisaria aprender com eles. Não chego ao ponto da filosofia do meu pai, mas os cachorros têm muito que nos ensinar no que diz respeito à troca de sentimentos. Preciso estar mais próximo deles, para não mudar minha forma de ser. Saber separar quem pode ter, em troca, o que temos de melhor. São com estas pessoas que temos de nos doar. Dar o que há de melhor no ser humano. As outras, que nos fazem coisas ruins, precisam ver o filme. Mas talvez nunca tenham um cão, porque não o entenderiam e seriam péssimos donos. Faltaria sentimento.

Estou com muita saudade destas pessoas que cada vez enchem mais minha vida e para quem vou sempre me dedicar mais. Minha família, cachorros e amigos. Assim tenho certeza que poderei dar em troca coisas melhores para eles e os outros.

Acho que já notaram, pelo que converso aqui, que nunca tive a preocupação de me expor.