As transformações com novos estádios
Téo José
Na nossa conversa de hoje, vou tentar ficar fora das promessas não cumpridas e das obras inacabadas nos estádios para Copa do Mundo. Como disse, no fim de semana, é uma pena que não teremos o legado esperado e que o papel aceitou tudo e a prática tem sido diferente. Também afirmei que com relação aos jogos, das partidas de futebol em si, não tenho receio para Copa.
Depois destas linhas, vamos ao ponto: vejo muita gente reclamando que com os novos estádios torcer vai ser no estilo “coxinha”. Não concordo. Claro que as coisas vão mudar. As arenas mais modernas, com cadeiras, melhores banheiros, facilidade nos acessos, organizam o que é uma verdadeira bagunça. Não são só as da Copa. Em Porto Alegre já estamos vendo mudanças. O local que a torcida do Grêmio fazia a tal avalanche teve de ser adaptado para melhorar a segurança.
Sempre busquei olhar para qualquer evento esportivo como um espetáculo e não apenas um jogo. Você sai da sua casa para torcer e se divertir. Isto não significa que você tem que sofrer. Talvez por isso a média de idade do torcedor tem diminuído e a presença de famílias também caiu bastante.
O que cresceram foram as organizadas, mesmo sendo proibidas em vários locais. Ir ao estádio, hoje em dia, significa não ter lugar para parar carro, lugar não marcado, banheiros 'porcos' e em alguns lugares – como Pacaembu – os horríveis banheiros químicos. Serviço de bar, um lixo. Sem falar na segurança, que é um loteria.
Com os novos estádios se espera uma adaptação da população e que estes serviços melhorem. Pelo menos é a filosofia. Sobre preço dos ingressos e dos produtos de bar, espero que sejam justos. Mas, geralmente, o mercado regula isto. Prova são os jogos recentes do Palmeiras na Série B – começaram com um preço mais alto e agora estão com outro.
Quem tem a oportunidade de ver um jogo de futebol no Santiago Bernabeu ou Camp Nou, na Espanha, volta falando maravilhas e se comporta. Porque o clima, o ambiente, é para ter pelo menos educação. O que anda mais escasso por aqui. Da mesma forma quem vê um jogo da NBA ou mesmo de beisebol nos EUA.
Voltando à Europa, as torcidas fazem uma festa linda em estádios parecidos com os novos daqui e todos comemoram que as condições de conforto e visibilidade melhoraram com as evoluções.
As novas “arenas”, com obras bem feitas e com garantias das construtoras, podem ser o começo de uma grande mudança para começar a se pensar, aqui também, em um jogo de futebol como um evento. Um espetáculo do esporte.
O torcedor, com um pouquinho de boa vontade, se adapta com mais educação e cobrança dos seus direitos. O que, em muitos casos, não vemos hoje nos diversos velhos e ultrapassados estádios pelo Brasil. A alma de um local está no comportamento das pessoas e na energia. Não na obra de concreto.