20 anos de Indy
Téo José
Ontem o @ivancapelli, Gaúcho e claro não o piloto, me chamou atenção para o 21 de março. Foi neste dia, em 1993, que narrei minha primeira corrida da Fórmula Indy, na infelizmente finada Rede Manchete. Já se foram 20 anos. Me lembro de quase tudo naqueles dias de fuso trocado em Surfers Paradise. Aliás, me lembro muito bem de como tudo começou. Desde a minha rápida assinatura de contrato, que abriu as portas para minha carreira nacional. São historias interessantes, mais longas, que um dia conto, quem sabe em um livro.
Assinei no meio da semana, fui para casa, fiz a mala e já voltei para São Paulo. Embarcamos no domingo. Minha primeira viagem fora da América do Sul. Foi tudo novidade. Um país lindo, belo hotel e a própria Fórmula Indy, acho que tinha assistido umas oito ou dez provas inteiras. No máximo. Ia a pé para o circuito. Chegava muito cedo e ficava decorando os carros, acho que de passar em frente aos boxes devo ter andando uns quatro quilômetros na quinta-feira. O Brasil tinha só Raul Boesel, Marco Greco e o Emerson. Fui aos três hotéis conversar mais longamente com eles. Com Emerson foi ao lado da piscina, o primeiro contato, e no meio do papo ele me perguntou se já tinha sido piloto, por tanta coisa que perguntava. Fiquei bem orgulhoso.
Era também estreia do Nigel Mansell. A categoria vivia seu “boom” e eu estava em um paraíso, com a grande chance da minha carreira. Me lembro que ainda emocionado, passava por trás das arquibancadas na sexta, com os carros na pista, ouvindo aquele som lindo dos motores e pensei: “caramba, estou na Austrália, fazendo uma corrida da Indy e os caras ainda me pagam pra isso…”
Sabia também de minha responsabilidade e estava com uma garra de urso. Por isso passei a maior parte do tempo estudando e quase sempre só. Tinha muita coisa pra aprender, parte técnica, regras, vida dos pilotos. Vi pela primeira vez um elevador que falava, um orelhão com fax (é naquela época fax era grande modernidade). Serviço de bronzeador na praia. E para todo mundo. Muita coisa nova. Caminhando, dei umas quatro voltas na pista. Bem no comecinho da manhã.
Agora já se passaram mais de 250 corridas pelo menos. Acho. Não sou bom para estas contas. E naquele dia tive um prazer enorme de trabalhar, muita garra e muita sorte. Agradeço a Deus, família, amigos de fé, gente que esteve comigo nas várias equipes e as pessoas que acreditaram e ainda continuam acreditando no meu trabalho.
Tenho também saudades. A categoria era maravilhosa, mas dificilmente encararia de novo fazer 16 ou 17 corridas longe de casa. Foram muitos anos de aeroporto em aeroporto e viagens bem longas.
Mas aqui em St. Peterburg, onde neste domingo estarei abrindo mais uma temporada na Indy, estive pensando nas últimas horas: “poxa estou tão motivado. Como a primeira corrida em Surfers. O que é muito bacana e mais uma vez agradeço a Deus.”
Não vou dizer que venha mais 20 anos, mas podem vir alguns mais. Porque continuarei trabalhando com prazer, tesão e agradecendo.
Tenho muita coisa de bastidor, mas vou deixar para mais pra frente. O projeto que falei no começo é, sim, um grande desejo.