O Flamengo, dentro e fora de campo
Téo José
O Flamengo iniciou uma nova fase neste ano com a saída da presidente Patricia Amorim que teve, como tantos outros, uma administração desastrosa. Entrou Eduardo Bandeira de Mello. O empresário bem sucedido trouxe com ele um grupo no mesmo perfil e a promessa de sanear e profissionalizar o clube.
Muitas atitudes foram tomadas para corte dos custos. Fim de programa em esportes olímpicos, demissão de treinador, dispensa de jogadores, enxugamento da folha de funcionários. Agora o objetivo é se acertar com o governo federal em relação aos impostos.
O Ninho do Urubu, o centro de treinamentos precário, foi hipotecado para acerto de cerca de 80 milhões de reais em dívidas tributárias. Com isto o Flamengo espera conseguir as certidões necessárias para buscar parceiras com empresas estatais.
Pelo que estamos vendo, de longe, mesmo com alguns deslizes e chiadeira da oposição, o caminho de saneamento me parece bom e o melhor das últimas administrações.
Dentro de campo é que o bicho está pegando. Com a saída de Dorival Junior, a versão oficial de alto salário, veio Jorginho, nem tão barato assim [fala-se que está na casa dos 350 mil reais].
Jorginho é um treinador ainda tentando mostrar serviço. Passou pelo América-RJ e ficou mais conhecido com a polêmica de tirar o diabinho como mascote. Foi para seleção com Dunga e deu no que deu. No fundo acho até que o treinador teria mais sucesso sem o auxiliar.
No Goiás participou da campanha do rebaixamento para série B. Chegou ao Figueirense, com um time já montado, pelo Marcio Goiano e foi sexto no brasileiro, este seu melhor resultado até agora. No Japão esteve nos últimos dois anos e diria que foi razoável. O currículo, mesmo sendo jovem, não é indicação que o torcedor pode ficar otimista.
No Carioca, o Flamengo fez uma ótima Taça Guanabara. Não foi campeão, mas teve a melhor campanha e mostrou gente nova como Rafinha e Rodolfo. No comando ainda estava Dorival, que também cometia muitos erros, como mudar sempre a escalação e depois apostar nos mais veteranos.
Com Jorginho, não sabemos mais o que pretende. Em menos de dez jogos já utilizou vários esquemas e apostou em quase todo elenco. Parece que quer a juventude. Ou melhor, esta deve ser sua única opção. As grandes contratações agora dependem de um teto salarial, entre 250 e 300 mil reais. No passado era grana para craques consagrados, hoje não.
A situação do clube de maior torcida no Brasil ainda é muito complicada, por isso a diretoria pensa em um prazo de dois anos para colocar o Mengão nos trilhos. A torcida não tem esta paciência. Já está sendo zoada e vem cobrando resultados. Por um lado, podemos entender porque o Flamengo tem time melhor do que Volta Redonda, Nova Iguaçu, Resende – times que hoje ainda lutam pelas semifinais da Taça Rio.
Nem sempre um empresário de sucesso, em outras atividades, dá certo no futebol. O Palmeiras sabe bem disto com Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos piores comandantes de todos os tempos. Claro que o mais importante são as finanças, mas é preciso acompanhar e cobrar de perto o que está sendo feito no futebol.
Cito um exemplo: trazer o zagueiro Roger Carvalho, hoje na reserva do Bologna, com passagem pelo Figueirense e Guarani. Não é solução. O time é o décimo segundo colocado atual e em 22 rodadas participou de três partidas, os titulares são Cherubin (italiano) e Antonsson (sueco).
Informações nada animadoras. Na mesma posição tem o garoto Frauches, que jogou apenas uma vez neste ano, na vitória de 2×0 em cima do Quissamã, depois nem convocado foi mais. Este tipo de situação, até estranha, é que a os novos dirigentes, empresários bem sucedidos, precisam ficar em cima. O futebol é muito manhoso e complicado. Muito mais do que sólidas empresas de sucesso.