Blog do Téo José

A última prova da temporada. A última de Dan Wheldon

Téo José

Quando a  prova começou em Las Vegas, neste domingo,  o Felipe Giaffone, ao meu lado na transmissão da Band, disse que poderíamos esperar muita confusão. Com as primeiras voltas deu para sentir que naquela pista, de pouco mais de 2.400 metros, com inclinação nas curvas (cerca de 20º), qualquer descuido seria muro. O pior é que o grid tinha 34 carros. Última corrida, também, do chassi da categoria. Acabou sendo a última de Dan Wheldon. O piloto inglês era um convidado especial na prova e, se vencesse, ficaria com premio de 2,5 de dólares. Perdeu bem mais do que isto.

Largou em 34º, era a regra para sua participação. Na 12º volta estava em 24º, ai aconteceu a confusão no meio do pelotão com 14 carros envolvidos, não deu para tirar o pé e decolou com seu carro, batendo de lado, com as rodas para cima, na mureta de proteção. Assim tirou qualquer efeito do Santo Antônio.

Wheldon, nesta temporada, participou e ganhou a prova em Indianapolis e fez também o GP de Kentucky – última antes de Las Vegas. Estava praticamente certo na equipe Andretti no ano que vem, no lugar da Danica Patrick. Aos 33 anos deixa esposa e dois filhos, um de 2 anos e outro de 7 meses.

O carro que ontem encerrou seu ciclo na Indy é bem antigo, de 2003. O piloto inglês ajudou a desenvolver o chassis base do novo e sempre afirmava que era bem mais seguro. Agora vão surgir perguntas como: se fosse o carro novo, ele teria morrido? Não sei. A pancada foi muito forte e de lado, quase com o piloto de ponta cabeça. Fico com a fatalidade. Com o destino. Mas também deixo a crítica de um carro de Fórmula andar em uma pista de uma milha e meia, com um absurdo de inclinação e os carros acelerando a cerca de 350 km/h com 34 pilotos. É muita gente. Isto precisa ser analisado. Uma coisa é colocar 40 modelos da NASCAR, ou mais. Outra é por Fórmula.

Era pra ser uma festa de encerramento. O titulo, com a prova cancelada, ficou com Dario Franchitti. Danica se despedia da categoria (vai para NASCAR) e os carros estavam bem próximos. Sintoma de etapa pra lá de disputada. Não foi. Vimos 12 voltas, um acidente horroroso, um dos piores que já assisti, e depois duas horas de expectativa sobre as condições do Wheldon. Durante o atendimento, nada que pudesse indicar melhor o que se passava. Só sabíamos que era grave. Foi. Muito.

Na minha carreira no automobilismo esta foi a terceira narração de um acidente com morte. Todos  na Indy. Apesar da estrada, do tempo, não gosto de falar e escrever sobre isto. Tenho a nítida consciência de que automobilismo é esporte de risco e continuará sendo. Por isso, esta não foi a última morte e por mais que se estude segurança, nada vai tirar o mínimo risco possível. Mas acho esta parte da minha profissão muito chata. Um saco.

Que a família tenha Deus no coração nesta hora e que Dan Wheldon, lá de cima, possa dar uma nova ajuda para seu colegas de profissão nas próximas provas.

  1. teojose

    24/10/2011 14:00:44

    Obrigado. Já escrevi aqui, tem um post sobre isto. Pista curta, muitos carros, altas velocidades.

  2. Antonio José.

    24/10/2011 13:46:47

    Prezado Teo,Bom dia!!!Acompanho seu trabalho e gostaria de perguntar a sua opinião em relação ao caso do piloto Wheldom. O Sr não achou que a direção da prova demorou segundos preciosos para acionar a bandeira amarela quando os carros da frente se chocaram ? Verifiquei com atenção e pude perceber que a mesma foi acionada após os choques de todos os carros... estou certo ?Não há um dispositivo no painel dos pilotos ou até mesmo na viseira do capacete dos mesmos que indica quando a bandeira amarela é acionada ? Se positivo, o acionamento imediato da bandeira amarela poderia ter proporcionado maiores possibilidades de chance ao Piloto, não acha ? Parabéns pelo seu trabalho. Um abraço.Antonio José.

  3. Chrys Meissner

    20/10/2011 19:50:59

    Téo,Acredito que muita gente fala sem conhecimento de causa. O circuito de Vegas não é muito diferente de outros (Texas por exemplo). O problema é o carro da Indy ou de qualquer outra openwheel que sempre vai catapultar. Eu estava no oval de Vegas no sábado e vi a corrida da Nascar Trucks e presenciei 4 wides na mesma cuva 1 e 2. Vi um big one na mesma curva que acabou com a corrida do Miguel Paludo e nem por isso tivemos a carnificina da Indy. É claro que as Trucks são mais lentas mas temos que lembrar que é tudo aço, nada de fibra de carbono. Culpar o circuito é fácil, mas esquecem que a conta da segurança se divide entre carros, experiencia dos pilotos, circuito e fator sorte.Se você lembrar da morte do Jeff Krosnoff (que vc mesmo narrou ao vivo) vai perceber que foi outra morte em virtude do carro ter catapultado. E era em um circuito de rua. E o que dizer do acidente do Kenny Brack em 2003...parece uma sequencia bizarra de eventos muito similares. Criticam a NASCAR mas ela descobriu o problema do ar que entrava por baixo dos carros e há anos introduziu os flaps aerodinâmicos, reduzindo em muito as capotagens. A Indy vai mudar para 2012 mas se todos olharem com cuidado para a construção do novo carro dificilmente o acidente teria um final diferente. Um foguete com rodas, sempre continuará a ser um foguete com rodas, seja num circuito misto, oval curto ou superspeedway.

  4. thiago

    18/10/2011 05:02:21

    por favor não apaguem meu comentário critico.Acompanho a Indy a muito tempo e gosto da narração do Téo José . o Dan wheldon morreu por incompetência da organização. a formula indy envolve milhoes mas tem umas improvisos tipo fita silver tape em chassi do carro na penúltima corrida do Will power. Porque colocam 3 carros lado a lado numa pista curta e estreita? Botem somente 2 carros lado a lado pra evitar acidente.nos comentários o Giaffone falou que a pista é a mais veloz de 1milha e meia. ta na cara que ia ter acidente e com 3 carros lado a lado fica dificil de um piloto de escapar de qualquer batida: por isso que deu um efeito boliche com a propagação da batida de alguns carros ao envolver um montão de outros carros que viam atrás. o carros de trás nem puderam freiar a tempo porque estavam muito velozes e nem puderam desviar para os lados porque 3 a 3 eles ficam prensados na pista estreita. a morte do piloto é culpa da organização da indy que botou excesso de carros na pista mais veloz, curta e estreita da temporada. a família ganha um bom seguro de vida logico, mas morte durante o evento esportivo pega mau pro esporte automobilístico.A indy devia reforçar a politica de conduta das corridas dela porque a segurança tecnica dos carros está muito bem. mas abusaram da sorte e da capacidade da segurança dos carros proteger os pilotos, provado isso pela morte do Dan. Estou de politica de conduta mais rigorosa na Indy. A falta disso acabou com o espetáculo da ultima corrida e provocou uma perda humana.

  5. maike charles

    17/10/2011 19:09:55

    iaew galera da bana blz como ta as coisasiaew manda um abraço pra galera de arcoverde blz todo mundo ta de olho na bandfalow

  6. Lupo Hell Rider

    17/10/2011 18:58:56

    Dan Wheldon R.I.P. =(

  7. Douglas

    17/10/2011 15:23:24

    Independentemente dos contínuos procedimentos visando a diminuição dos riscos, parece bastante óbvio que colocar uma infinidade de carros a quase 400km em circuitos ovais pequenos é um ato coletivo estúpido e criminoso. Há maneiras mais inteligentes de se promover a liberação da emoção e adrenalina dos competidores e platéia.Não deveria ser admissível a promoção de espetáculos que colocassem em alto risco a vida das pessoas.

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