Blog do Téo José

Morte do inocente. Mais uma

Téo José

A morte está banalizada nos dias de hoje. Você abre qualquer jornal, em qualquer cidade do Brasil, e lá estão uma, duas, três – às vezes – dezenas de notícias. Coisa que não vemos, por exemplo, na Alemanha. Lá não há um crime com morte por dia. No Canadá, da mesma forma. Aqui já não choca como antes. Agora estamos diante de um fato novo de um velho problema. Morte no futebol, morte no divertimento. No prazer.

O garoto Kevin Espada, de 14 anos, não conseguiu vibrar com o gol de empate do seu time, o San Jose, na última quarta. Foi atingido por um sinalizador marítimo – que pode chegar a velocidade de 360 Km/h. São muitas perguntas que devemos fazer:

 

– Como este sinalizador pode ser utilizado em um campo de futebol?

 

– A revista da polícia, se houve, foi pra lá de meia boca?

 

– O ator de soltar o tal artefato foi um acidente?

 

– Ou, realmente, teve-se a intenção de jogar na torcida adversária?

 

– Qual seria a melhor punição para o clube?

E por aí vai. Mas o problema é bem maior do que este. Uma vida se foi em um jogo de futebol. O mínimo que se pode esperar é a punição dentro da lei e que seja dura para o autor. Pelo que fiquei sabendo ontem, através de imagens [e mesmo declaração informais de torcedores], esta pessoa já está circulando por São Paulo. Os 12 presos podem até ser da turma. Podem até ser punidos. Mas o principal parece que não está na cela.

A punição de fazer o Corinthians jogar com portões fechados, nas partidas em que é mandante, entendo como correta. É até branda. Porque precisamos de atitudes duras para que o futebol seja encarado com um esporte para diversão. E não brigar ou matar. As torcidas organizadas, aqui, na Argentina, estão afastando muitas pessoas de bem dos estádios.

Está na hora de todos sentarem e encararem isto de frente. Não com declarações como a do presidente do Corinthians Mário Gobbi: “não dá para saber se o agressor é corintiano, santista ou são-paulino''. E mais: “aprendi, se o crime, se comprovado, não passa da pessoa que o cometeu.”

Não posso concordar. As leis do esporte na América do Sul, mesmo vagas, dizem que a torcida é como parte integrante do time. A agremiação tem de ser responsável.

Na Europa, o que mais víamos eram brigas e mortes de torcedores. Hoje praticamente acabaram. As punições coletivas e individuais foram duras e ninguém ficou colocando o problema para baixo do tapete. Encararam de frente. Afinal, são vidas que estão sendo perdidas. Em alguns casos de garotos com o sonho de apenas ver seu time ser campeão e ter um pouco de alegria.

Neste momento, não podemos pensar apenas no prejuízo deste ou daquele time. A punição, pela sequência de fatos até aqui e pelo regulamento, até achei branda. Mas o que mais me preocupa é que não querem encarar o problema de frente. Sem prejuízo e vantagens para este ou aquele time. Sim, temos de ter paixão pelo clube. Mas apenas na hora de torcer. Muito mais importante que isto é ainda salvar mais vidas e sermos justos.